A Alergia Alimentar
Alergia alimentar.
Características e cuidados de uma doença cada vez mais prevalente.
O que é a alergia alimentar
A alergia alimentar define-se como uma reação imunológica a um alimento. O corpo reconhece de forma errónea uma proteína inofensiva de um alimento como sendo uma substância nociva, e desencadeia uma série de reações de defesa que em último casa se tornam prejudiciais para a própria saúde da pessoa. Os sintomas da reação alérgica podem ocorrer entre minutos a horas após a ingestão do alimento desencadeador e podem variar entre os muito ligeiros e os fatais, como o choque anafilático.
A alergia alimentar é uma doença que se encontra em crescimento: para os adultos, a taxa de prevalência desta condição situa-se na ordem dos 1 a 2%, atingindo nas crianças valores de 5,8%. Se para além da alergias forem consideradas as hipersensibilidades e intolerâncias alimentares, os valores de incidência para a população geral sobem para os 25%.
Não existe cura para a alergia alimentar. A única forma de prevenção adequada para a gestão desta condição de saúde consiste na remoção dos alérgenos suscetíveis da dieta da pessoa afetada, ato com implicações na vivência e rotina da pessoa, mas também da sua família, com reflexos nos sistemas de saúde nacionais e setores associados à indústria alimentar.
Alimentos causadores de alergia
Mais de 170 alimentos estão identificados como capazes de provocar hipersensibilidades; porém, só um pequeno número entre eles é responsável pela grande maioria das reações alérgicas alimentares, sendo que alguns desses alimentos, como o leite e os ovos, são profusamente utilizados como ingredientes em grande parte dos alimentos disponíveis para consumo.
Segundo a atual legislação europeia, 14 dos mais comuns ingredientes provocadores de alergia são de declaração obrigatória na rotulagem dos alimentos; esses ingredientes estão descritos na tabela abaixo.
Lista de alimentos acusadores de alergia
Adaptado de Pádua, Barros, Moreira P., Moreira A. (2016). Alergia Alimentar na Restauração. Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável, Lisboa.
Cereais com glúten
Ingredientes na rotulagem: Sêmola de trigo, semolina, farelo, gérmen, glúten, malte e amido de trigo, hidrolisado de farelo de trigo.
Soja
Ingredientes na rotulagem: Lecitina de soja (E322). Hidrolisado de proteínas vegetais. Albumina de soja. Fibra de soja.
Leite
Ingredientes na rotulagem: Leite evaporado, leite desnatado, leite em pó, soro, caseína, caseinato, coalho de caseína, lactoalbumina, lactoglobulina, lactulose, lactose, lactato de sódio/cálcio, aromas, aroma artificial de manteiga, gordura de manteiga, óleo de manteiga.
Ovo
Ingredientes na rotulagem: Ovo em pó desidratado, albumina, lisozima, lecitina de ovo, apovitelina, aitelina, avidina, flavoproteína, globulina, livetina, ovoalbumina, ovoglobulina, ovoglicoproteína, ovomucina, ovomucóide.
Frutos de casca rija
Ingredientes na rotulagem: Amêndoa. Avelã. Coco. Caju. Noz. Pinhão. Pistacho.
Amendoim
Peixe
Ingredientes na rotulagem: Peixe, farinha de peixe, parvalbumina
Crustáceos
Ingredientes na rotulagem: Caranguejo; Lagosta; Camarão.
Sementes de sésamo
Aipo
Moluscos
Ingredientes na rotulagem: Mexilhão; Ostras; Amêijoas; Lulas; Polvo; Chocos.
Sulfitos
Ingredientes na rotulagem: Dióxido de enxofre (E220) e outros sulfitos (E221, E222, E223, E224,E 225, E226, E227 e E228).
Mostarda
Tremoço
Gestão da compra de produtos alimentares
A principal forma de gerir a alergia alimentar é a evicção de alimentos causadores de alergia. Porém, evitar um alérgeno é uma tarefa dificíl: embora a rotulagem tenha ajudado a tornar esse processo um pouco mais fácil, alguns ingredientes são tão comuns que evitá-los torna-se uma tarefa penosa, que tem de ser feita diariamente. Adicionalmente, alguns produtos também podem ser rotulados com declarações de precaução, como “pode conter”, “feito em fabrica que também produz”, ou alguma outra indicação de contaminação por alérgeno potencial. Não há leis ou regulamentos que exijam a presença desses avisos nem o que significam, provocando incerteza e insegurança no momento da compra por parte do portador de alergia alimentar.